segunda-feira, setembro 03, 2007

Quando o Radicalismo é Contraproducente

Por Anderson Farias – Blog Minha Política

Em tempos de acirramento de disputa política aqueles que estão em desvantagem devem agir com inteligência. O Brasil de hoje vive esses tempos e o maior reflexo disso é o comportamento da classe média brasileira que, insuflada pela grande mídia conservadora, esbanja superioridade e preconceito.

Quem faz parte da classe média e não concorda com a atual corrente de pensamento, ditada por vejas e folhas da vida, definitivamente está em minoria. Minoria dentro da classe média claro, pois se considerarmos toda a população brasileira, essa relação não se sustenta, vide as últimas eleições e pesquisas de opinião.

Vale destacar, no entanto, que o apoio da classe média é essencial para manutenção da Oligarquia da Mídia, que, como vimos na última semana, pode influenciar no andamento das casas legislativas e até mesmo em decisões do STF.

De modo geral, a classe média comprou e defende com unhas e dentes a visão deturpada e preconceituosa de sociedade, imposta de forma aparentemente despretensiosa e de modo contínuo pela grande mídia.

A visão de sociedade da grande mídia foi passada a classe média aos poucos, de maneira quase subliminar no início, quando os meios de comunicação juravam isenção e chegaram a disparar campanhas publicitárias neste sentido. Aos poucos, a grande mídia foi aumentando o viés conservador, promovendo colunistas alinhados e reduzindo os espaços daqueles que apresentavam visão contrária, até que se chegou ao ponto onde nos encontramos hoje.

Atualmente, os jornais e revistas da mídia oligárquica não mais se preocupam em esconder sua posição, apesar de nunca terem aberto mão da autoproclamada imparcialidade, e chegam a dedicar edições inteiras, do editorial as seções de entretenimento, a fazer propaganda ideológica e atacar o governo federal, sem que isso salte aos olhos daqueles que se deixaram levar ao longo do processo. As pessoas que engoliram a versão da grande mídia estão anestesiadas e não aceitam argumentos contrários, por mais claros e corretos que estes possam parecer.

O ponto a que a grande mídia chegou na sua cruzada ideológica é tão radical que chega a ser fácil, para os “não-alinhados”, detectar contradições em seus argumentos, que mudam de acordo com o agente e o atingido em cada situação. São estas contradições que nós, contrários a este processo de manipulação, devemos amplificar, pois a única forma de acabar com esse ciclo perverso é através da destruição da credibilidade da grande mídia e de seus principais articulistas.

Estas contradições devem ser levantadas de forma clara, sem maquiagens ou manipulações, de modo a evitar cair na frágil situação que hoje se encontra os grandes meios de comunicação. A Internet nos permite garimpar essas contradições como nunca foi possível antes, basta uma busca direcionada no Google de acontecimentos com impactos equivalentes, onde o agente e o atingido sejam opostos (direita/esquerda, rico/pobre, norte/sul, etc) e avaliar a forma que cada é evento é mostrado e o espaço dedicado a cada um.

A crítica a cobertura dada pela mídia deve ser imparcial, sem tentar impor conclusões ou opiniões formadas as pessoas que recebem a informação, que devem tirar suas próprias conclusões e aos poucos perceberem que nem tudo que lêem representa a realidade. Dessa forma, as pessoas passarão a ler sua revista semanal ou jornal de domingo com mais cuidado, passarão a duvidar de versões mastigadas e com conclusões prontas. Passarão a perceber que a reportagem da sua revista favorita parte da conclusão e não do fato que a deveria ter originado.

Esse trabalho é longo e deve ser colocado por pessoas sem filiação partidária, sem posição política radical, com credibilidade e principalmente sem radicalismos e imposição de pensamento. Destaco que não proponho manipulação da informação, o que proponho é mostrar, com base em reportagens dos próprios meios de comunicação, que existem diferentes pesos e medidas, aplicadas de acordo com as conveniências das empresas e de partidos políticos alinhados.

Um exemplo claro do que estou tentando dizer é a reportagem sobre atrasos nos aeroportos nos EUA, do Azenha, que postei aqui no Blog. Nesta reportagem ele mostra que, ao contrário do que costuma fazer, a mídia nativa optou por não repercutir o que ocorre no exterior, de modo a esconder da população que o problema dos atrasos não é exclusivo do Brasil. Lembro-me, inclusive, que o JN chegou a mostrar estrangeiros em filas, dando a entender que no exterior isso não ocorre.

Imaginem a reação das pessoas ao lerem esse tipo de reportagem: Opa, mas não foi isso que a Globo e a Veja me falaram! Eu pelo menos pensei isso.

Em resumo, o objetivo final disso tudo é exatamente provocar este tipo de reação nas pessoas e, em última instância, convencê-las que nunca devemos acreditar em uma versão pronta dos fatos, onde o artigo ou a reportagem já vem com alvos e conclusões pré-definidos. É esse tipo de reação que enfraquece a mídia oligárquica e que lhe tira a credibilidade e o poder. Essa é a nossa única arma.

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Tentarei levantar, conforme proposta, alguns temas neste blog, para que as pessoas possam utilizar para enviar aos amigos, mas já adianto que meu tempo é curto e às vezes passo dias sem atualizar este espaço. Também aceitarei dicas e análises dos visitantes.

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