terça-feira, maio 30, 2006

Sabesp pagou R$ 1 mi a editora de tucano nos 2 últimos anos do governo Alckmin

Nos dois últimos anos do governo Geraldo Alckmin, pré-candidato tucano à Presidência, a Sabesp abasteceu com R$ 1 milhão de sua verba publicitária a editora e o programa de TV do deputado estadual Wagner Salustiano (PSDB).

Dos R$ 522 mil que a Sabesp destinou à mídia "revistas" em 2004, nada menos que 46,5% jorraram para a revista "DeFato", produzida pela W.A.S. Editora Gráfica e Comunicação Ltda. A Sabesp pagou à empresa de Salustiano valores mais elevados do que os despendidos com peças semelhantes veiculadas nas revistas "Exame-SP", "Isto É Dinheiro", "Trip" e "Municípios".

A preferência pela revista de Salustiano reforça a suspeita de que parlamentares da base aliada do governo tucano foram beneficiados com o direcionamento do dinheiro de estatais, como a Folha revelou em 26 de março. O objetivo seria garantir a votação de projetos de interesse do governo.

Em 2004 e 2005, a Nossa Caixa gastou R$ 313 mil em anúncios na revista "DeFato" e em inserções no "Entrevista DeFato", programa que o parlamentar tucano apresentava na TV Mulher. Entre abril de 2004 e agosto de 2005, a Sabesp destinou R$ 404,7 mil à revista e R$ 665,3 mil ao programa de TV.

com informações da Folha de São Paulo

segunda-feira, maio 29, 2006

Direitos Humanos

A Comissão de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo, nos dias que se seguiram à saraivada de atentados do crime organizado, recebeu mais de 200 e-mails e mais de 100 telefonemas com ameaças, desaforos e xingamentos. O presidente da comissão, o ex-ministro José Gregori, chegou a receber ligação em sua residência. No insulto mais leve, chamaram-no de "defensor de bandido". Sua assessora, Celia Whitaker, também recebeu ofensas e ameaças na comissão, na sua casa e até em seu celular. Em alguns telefonemas, houve promessas de perseguição, com a sugestão velada de que coisas piores poderiam acontecer. E tudo porque eles – como defensores dos direitos humanos – estariam entre os culpados pela onda de atentados que parou São Paulo.

É uma estupidez himalaica culpar defensores dos direitos humanos pelos atentados. É uma soma de estupidez e burrice, porque acontece exatamente o contrário: atentados, rebeliões e revoltas, ameaças de matança e chacinas, comandadas ou executadas por presos, acontecem exatamente porque, entre outros motivos, falta respeito aos direitos humanos. Porque falta, e não porque há excesso. Porque, entre outras coisas, essa gente bandida vive como bicho enjaulado.

O espantoso é que uma parcela ponderável da sociedade – a mesma que se calou diante do massacre de 111 presos no Carandiru – ainda não conseguiu entender que bicho enjaulado age e reage como bicho enjaulado, e não como preso disciplinado. O espantoso é que essa parte da sociedade – a mesma que acha lindo o deputado paulista Conte Lopes bradar seus assassinatos de bandidos – ainda se pergunte: por que respeitar os direitos humanos do homicida se ele não respeitou os direitos humanos de sua vítima? A resposta é simples: o homicida viola os direitos humanos porque é bandido, criminoso, mas o Estado respeita os direitos humanos porque não é (ou não deveria ser) nada disso.

Os covardes que ameaçam e insultam anonimamente os membros da Comissão de Direitos Humanos de São Paulo precisam entender que o que realmente ajuda a combater a criminalidade não é tratar os criminosos como lixo humano. É dar-lhes a certeza da punição. Não é preciso torturá-los, arrancar-lhes os olhos, deixá-los dormir entre excrementos... Basta puni-los, com justiça e com rigor. Só isso. Esses covardes são os mesmos que, diante de um assassinato de maior repercussão ou coisa parecida, saem logo pedindo para ampliar a lista de crimes hediondos, aumentar as penas de prisão, aprovar a cadeira elétrica... É tudo enganação. Pena maior não resolve nada, pena de morte não resolve nada. O que resolve é a certeza da punição, rigorosa, justa e humanamente decente.

Os defensores dos direitos humanos – de negros, de mulheres, de crianças, de todos, inclusive de presidiários – são a consciência civilizatória do homem. Eles nos dão a esperança de um horizonte moral. De minha parte, meus aplausos ao ex-ministro Gregori e sua assessora Whitaker, que não se intimidam diante da estupidez, da burrice e dos bandidos. Eles não passarão.

André Petry

sexta-feira, maio 26, 2006

Memória II: Remessa bilionária de dólar

Ana D´Angelo para o Estado de Minas (MG) - 1/5/2005

A Comissão Mista Parlamentar de Inquérito do Banestado foi sepultada, mas os registros dos arquivos de transações do MTB Bank e da empresa de fachada Beacon Hill Service, de Nova York, descrevendo as bilionárias remessas clandestinas de dinheiro para o exterior por meio de doleiros, continuam ardendo como brasa. Numa sala lacrada no Senado, está um relatório que revela operações financeiras realizadas por Ronaldo de Souza, sócio e suposto "testa de ferro" do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira, e o empresário Gregório Marin Preciado. Espanhol, naturalizado brasileiro, Preciado é casado com uma prima do prefeito de São Paulo, José Serra, com o qual já fez negócios. Ricardo Sérgio, ex-chefe de campanha de Serra ao Senado, é aquele envolvido no escândalo das privatizações de empresas estatais.

Empresas em paraísos fiscais receberam dinheiro remetido por doleiros brasileiros de empresários como Ricardo Sergio (foto), Preciado e Ronaldo de Souza

Ronaldo de Souza e Preciado aparecem alimentando em US$ 1,4 milhão uma mesma offshore em 2000 e 2001, empresa sediada em paraíso fiscal. A Franton Interprises, localizada nas Ilhas Virgens Britânicas, recebeu US$ 1,2 milhão de Preciado e US$ 200 mil de Souza. No total, foram enviados para a offshore US$ 7,5 milhões originados de diversas contas entre 1998 e 2001 - algumas sem titular identificado. A Franton consta de uma das declarações de Imposto de Renda de Ricardo Sérgio, à qual ele diz remetido US$ 130 mil em 1998.

A Franton é a mesma que também recebeu, em janeiro e fevereiro de 2000, US$ 410 mil de uma outra offshore, a Infinity Trading, que pertence ao grupo Jereissati, do empresário Carlos Jereissati, um dos donos da Telemar. No relatório da CPI, os técnicos que analisaram as remessas para a Franton Interprises afirmam que é preciso a identificação dos beneficiários legais no exterior da Franton para se chegar aos verdadeiros donos do dinheiro. A Franton é apenas recebedora dos recursos, cuja intermediária é a offshore Kundo, de doleiros.

Essas operações via MTB Bank e Beacon Hill, por onde transitam o dinheiro até o beneficiário com intermediação de doleiros, são consideradas clandestinas e ilegais. As remessas referentes a Gregorio Marin Preciado e as ligações de Ronaldo de Souza com Ricardo Sérgio são mencionadas no relatório final da CPI do Banestado feito pelo deputado José Mentor (PT-SP) e enviado ao Ministério Público Federal.

A Beacon Hill, cujo dono era um doleiro da Guatemala com ligação com doleiros brasileiros, foi fechada por autoridades norte-americanas em 2003, que a consideravam a maior lavandeira de dinheiro brasileiro em Nova York. A partir dos registros da Beacon Hill , a Polícia Federal desencadeou no ano passado a Operação Farol da Colina e prendeu mais de 60 doleiros no País. Procurados, Ricardo Sérgio (que estaria na Europa), Ronaldo de Souza, Gregório Preciado e Jereissati não se manifestaram.

Memória: Ex-sócio de Serra, Vladimir Rioli foi responsável por operações fraudulentas em parceria com Ricardo Sérgio

Integrantes da tropa de choque que investiga irregularidades no Banespa, os deputados Robson Tuma (PFL-SP), Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) e Ricardo Berzoini (PT-SP) ficaram revoltados com a operação abafa montada pela base governista para evitar o depoimento do economista Ricardo Sérgio de Oliveira na CPI que investiga operações podres nos tempos em que o banco era estatal. “Levamos um gol de mão aos 46 minutos do segundo tempo”, comparou Fleury. Os deputados passaram a última semana intrigados com o nervosismo demonstrado pelo Palácio do Planalto e pela cúpula do PSDB com a convocação. Caixa de campanha dos tucanos, Ricardo Sérgio estava intimado a comparecer à Assembléia Legislativa de São Paulo na quarta-feira 22, onde seria realizada a reunião da CPI. Diante das câmeras de televisão, o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil deveria explicar uma operação montada por ele em parceria com o Banespa em 1992, que trouxe de volta ao País US$ 3 milhões sem procedência justificada investidos nas Ilhas Cayman, um conhecido paraíso fiscal no Caribe.

A Operação Banespa que ajudou Ricardo Sérgio a internar dinheiro de paraísos fiscais foi aprovada pelo então vice-presidente de operações do Banespa Vladimir Antônio Rioli. Na época, o senador José Serra (PSDB-SP) era sócio de Rioli. De acordo com o contrato social, Serra tinha 10% das cotas da empresa Consultoria Econômica e Financeira Ltda. Rioli foi companheiro de militância de Serra e do falecido ministro das Comunicações Sérgio Motta na Ação Popular (AP), movimento de esquerda da década de 60 – e arrecadador de recursos para campanhas do PSDB juntamente com Ricardo Sérgio. Era Rioli quem comandava todas as reuniões do comitê de crédito do banco estadual. Além de aprovar a operação que permitiu o ingresso dos US$ 3 milhões, ele autorizou outras transações envolvendo Ricardo Sérgio e a Calfat, uma indústria têxtil com sede em São Paulo, na qual o próprio Ricardo Sérgio atuava como presidente do seu conselho deliberativo. Em setembro de 1992, Rioli liberou para a tecelagem, sem nenhuma garantia, um empréstimo do Banespa no valor de CR$ 3,7 bilhões (correspondente hoje a R$ 1,7 milhão). Um ano depois, Rioli autorizou o Banespa a tocar várias operações de câmbio que permitiram ao ex-diretor do BB e à Calfat trazer outros recursos do Exterior, provocando um rombo nas contas do ex-banco estatal. O valor do prejuízo é desconhecido. O processo de cobrança dessa operação foi retirado da 5ª Vara Civil do Fórum de Santo Amaro, em São Paulo, pelos advogados do banco e sumiu misteriosamente em 1995.

A sociedade entre Rioli e Serra começou em 10 de março de 1986, quando o hoje candidato à Presidência estava deixando a Secretaria de Planejamento do governo Franco Montoro para disputar sua primeira eleição a deputado federal. A consultoria funcionou até 17 de março de 1995. Investidor da Bolsa de Valores de São Paulo, Rioli também é conhecido por sua ficha suja. Em 1999, foi condenado pela Justiça Federal a quatro anos de prisão – convertidos em prestação de serviços e pagamento de indenização – por liberar um empréstimo do Banespa equivalente a US$ 326,7 mil à Companhia Brasileira de Tratores, empresa da família Pereira Lopes, de São Carlos (SP), que estava em dificuldades e colecionava títulos protestados na praça. Em 1993, Rioli se envolveu em outro escândalo. Foi acusado pelo Tribunal de Contas da União de arquitetar uma operação que deu à Cosipa, na época estatal, um prejuízo equivalente a US$ 14 milhões. A operação, um fantástico contrato sem correção monetária numa época de inflação galopante, foi fechada em 1986, quando Rioli presidia uma outra consultoria, a Partbank S.A., e já era conhecido por dar passes de mágica no mercado financeiro. Na lista dos envolvidos, o Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a incluir um outro amigo de Rioli: André Franco Montoro Filho, que na época era diretor do BNDES e apoiou o negócio. Rioli e Montoro Filho também trabalharam juntos no programa de desestatização do governo federal.

Leia reportagem completa aqui

Leia a íntegra da ação sobre o caso (Processo 2002.34.00.029731-6)

quinta-feira, maio 25, 2006

Estratégia do Vale-Tudo

Cesar Maia afirmou a Folha de São Paulo que a campanha de Alckmin precisa "sangrar Lula" para garantir o segundo turno. "Se tentar esgrimir --para valer-- programas ou se deixar entrar a comparação entre governos como agenda, aí então se joga pela janela uma eleição", disse o prefeito.

É isso mesmo! A oposição não quer comparar os resultados do seu governo (FHC) com o governo atual e nem discutir programas! Não seriam esses os principais motivos de uma campanha eleitoral? Se o governo atual é tão ruim como eles pregam, porque evitar comparações?

Lula tem o voto dos pobres, Alckmin vence entre os ricos

Lula é o candidato dos pobres, Alckmin, o candidato dos ricos. A pesquisa CNT-Sensus divulgada nesta quarta-feira (24) confirma esta realidade com números precisos e impressionantes – no “Cruzamento dos Relatórios”, que a mídia não deu. Na faixa que ganha acima de 20 salários mínimos, o presidenciável do PSDB-PFL ganha com folga: tem 33,3% das intenções de voto, contra 25,0% para Lula. Mas na camada que ganha até um mínimo, apanha de 46,7% a 13,1%.

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Datafolha confirma Sensus: Lula seria reeleito no primeiro turno

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quarta-feira, maio 24, 2006

País tem recorde de geração de empregos nos quatro primeiros meses do ano

Brasília – O nível de emprego formal, ou seja, com carteira assinada, subiu 0,87% em abril, em relação a março. O resultado é considerado o segundo melhor para o mês de abril da série apurada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgada hoje (23) pelo Ministério do Trabalho. No total, foram gerados 229.803 novos postos de trabalho. O acumulado dos quatro primeiros meses do ano bateu o recorde para o período.

A pesquisa identificou crescimento do emprego em todos os setores de atividades, com destaque para a indústria e serviços. A indústria de transformação, como as de produtos alimentícios, metalúrgicas e têxteis, contribuiu com 78.481 postos, o segundo maior saldo de geração de empregos no setor. No mês anterior, haviam sido 25.062 postos, ou seja, em um mês houve aumento de 53.419 postos. O número se aproxima do melhor desempenho, verificado em abril do ano passado, quando foram gerados 79.495 postos.

Desde o início do ano, já foram gerados 569.506 postos de trabalho, pelos dados do Caged. Esse resultado é considerado o melhor para o primeiro quadrimestre do ano. De acordo com o Ministério do Trabalho, a elevação é justificada por fatores sazonais relacionados ao agronegócio, aos efeitos positivos da balança comercial, à redução da taxa de juros e às medidas de incentivo à construção civil.

De acordo com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, o aumento tem relação com a política macroeconômica. "Esse ano os juros estão colaborando para que a indústria de transformação retome o crescimento", disse. O setor de serviços teve aumento de 72.627 postos de trabalho; a agricultura gerou 32.718 postos; o comércio gerou 26.656 empregos e a construção civil contribuiu com 12.628 postos.

No período de 12 meses (desde abril de 2005), foi gerado cerca de 1,2 milhão de empregos. O ministro Luiz Marinho afirmou que a meta para este ano é gerar 1,4 milhão de postos de trabalho. No ano passado, foi gerado 1,2 milhão.

IBGE aponta crescimento do Comércio

A receita operacional líquida do comércio brasileiro atingiu R$ 798,2 bilhões em 2004, um crescimento real de 11,7% em relação ao ano anterior, segundo dados da PAC (Pesquisa Anual do Comércio) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Grande parte das receitas do comércio em 2004 veio das empresas com 20 pessoas ocupadas ou mais. As receitas deste segmento somaram R$ 592 bilhões no ano, correspondendo a 74,2% do total pesquisado.

Dos três segmentos de comércio que fazem parte da pesquisa do IBGE, o destaque ficou com o de Veículos, Motos e Peças, que apresentou crescimento de 18,6%, contra expansão de 14,2% do Varejo e alta de 7,9% do Atacado.

Empregos e Massa Salárial

O total de emprego e da massa salarial do comércio brasileiro cresceu de 2003 para 2004, segundo dados PAC (Pesquisa Anual do Comércio) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O levantamento aponta que houve uma expansão de 9,1% no número de pessoas ocupadas no comércio em 2004 na comparação com o ano anterior, totalizando um contigente de 6,68 milhões de trabalhadores.

A massa salarial paga pelo comércio cresceu, em média, 12,8% em 2004 na comparação com ano anterior. Neste caso, o destaque foi o setor atacadista, com alta de 13,8%.

Lula cresce e venceria já no 1o Turno, segundo Sensus

A pesquisa CNT/Sensus de maio revelou que somente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou sua taxa de intenção de voto entre os principais presidenciáveis do país, o que lhe garante, caso as eleições fossem hoje, uma vitória já no primeiro turno. Pelo universo da pesquisa, essa taxa de intenção seria suficiente para obter mais da metade dos votos válidos. Seguem os resultados:


Eleição presidencial - Primeiro Turno - Mediante apresentação de nomes dos candidatos

Lula - 40,5% (abril: 37,5%)

Alckmin - 18,7% (abril: 20,6%)

Garotinho - 11,4% (abril, 15%)

Heloísa Helena - 6,1% (abril, 4,3%)

Indecisos, brancos e nulos – 23,4% (abril, 22,7%)


Eleição presidencial - Primeiro Turno - Votos Válidos

Lula - 52,8%

Alckmin - 24,4%

Garotinho - 14,9%

Heloísa Helena - 8,0%


Segundo turno entre Lula e Alckmin

Lula - 48,8% (em abril, 45%);

Alckmin - 31,3% (em abril, 33,2%)


A pesquisa CNT/Sensus também revelou que quase a maioria do eleitorado espera que o presidente Lula seja reeleito. A chamada "expectativa de vitória" de Lula é de 49% contra 13,7% dos eleitores que acreditam na eleição de Alckmin e dos 4% que apostam em Garotinho.

A sondagem ouviu 2 mil pessoas entre os dias 18 e 21 de maio em 195 municípios em 24 Estados da Federação. A margem de erro é de 3 pontos.

Com informações da Folha on Line

Indícios de ‘clube da propina’ em estatais. Dimas Toledo é investigado

A Polícia Federal prendeu ontem José Roberto Paquier, chefe de gabinete do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), e cinco empresários acusados de cobrar propina para fraudar pagamentos de estatais do setor elétrico a empresas privadas. Para a PF, os indícios recolhidos na Operação Castores reforçam as suspeitas sobre a existência de um “clube da propina”, consórcio criado por grandes empresas para pagar propina e facilitar negócios com Furnas Centrais Elétricas e outras estatais do setor.

Dimas é investigado por recolher suposto caixa dois

O consórcio foi denunciado pelo ex-executivo da Toshiba José Antonio Csapo à PF em março deste ano. As investigações estão confirmando a existência do “clube da propina” na época do Dimas Toledo, disse o delegado Fernando Francischini, coordenador da operação.

Dimas Toledo é ex-diretor de Planejamento de Furnas. O executivo é investigado pela polícia por suposto envolvimento com a formação de um caixa dois para o financiamento de campanhas eleitorais de vários partidos antes das eleições de 2002.

A PF apreendeu ontem, no aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, uma mala que estava em poder de Amaury Escudeiro, chefe de gabinete do deputado Luiz Carlos Haully (PSDB-PR). A mala foi passada a Martins pelo empresário Laércio Pedroso, um dos seis presos na Operação Castores. Segundo a PF, o esquema de corrupção era comandado por Pedroso, ex-funcionário da Itaipu Binacional desde 1992, que ocupava o cargo de gerente financeiro da estatal e havia denunciado no início do ano à revista “IstoÉ” um esquema de caixa dois que seria comandado por diretores da Itaipu.

A polícia quer saber o conteúdo dos documentos encontrados na mala e por que Pedroso passou a mala de forma sorrateira para Martins. As cenas foram filmadas pelas câmeras do aeroporto. Depois de preso, Pedrosa decidiu colaborar e, segundo a polícia, confirmou a intermediação de negócios suspeitos entre empresas privadas e estatais do setor elétrico.

A PF suspeita que grupo fazia tráfico de influência entre dirigentes das estatais para receber pagamentos superfaturados ou para eliminar multas aplicadas às empresas privadas punidas por atraso na entrega de mercadorias, entre outros crimes.

A polícia investiga tentativas de fraudes a partir de contratos de Itaipu Binacional, Furnas, Eletrosul e Eletronorte com várias empresas privadas. Entre elas, a multinacional Alston.

Foram presos também Luiz Geraldo Tourinho, sócio de Pedroso; o lobista Luiz Carlos Dias; e os empresários Osvaldo Panzarini e José Della Volpi, donos da transportadora Della Volpi.

O clube da propina foi denunciado por Antonio Csapo à PF em março. Segundo ele, um grupo de empresas formaram um fundo para pagar propina e facilitar negócios com estatais do setor elétrico.

Com informações do jornal O Globo

terça-feira, maio 23, 2006

MP diz que Governo de São Paulo foi omisso, negligente e incompetente

O Ministério Público de São Paulo foi duro ao criticar o governo estadual nesta sexta-feira (19), durante uma audiência pública realizada na Assembléia Legislativa. Convocada pelas comissões de direitos humanos da Câmara dos Deputados, Assembléia Legislativa e Câmara Municipal de São Paulo, a audiência revelou a indignação do Poder Judiciário e da sociedade civil com a onda de violência que invadiu a cidade e que não parou de fazer vítimas.

Não vejo como abordar o problema sem concluir que tudo isso é resultado da omissão, negligência e incompetência das autoridades estaduais de segurança pública. Há cinco anos, São Paulo foi surpreendida pela eclosão de uma mega rebelião em 29 unidades prisionais em todo o estado, a maior do Brasil à época. A rebelião de hoje é muito maior do que aquela e a maior do mundo ocidental”, disse Carlos Eduardo Cardoso, conselheiro de direitos humanos do Ministério Público. “Portanto, é inadmissível que os comandantes das polícias e administradores maiores da segurança continuem em seus cargos depois do espetáculo de sangue a que assistimos. Inúmeras vezes, esses mesmos administradores fizeram declarações públicas de que o PCC estava derrotado, que o aparelho do Estado trabalhava diuturnamente com inteligência para isso. Mas não era verdade. Mentiram, enganaram todos nós. E eu falo de omissão e negligência para afastar a hipótese de conivência”, afirma Cardoso.

Para o promotor, o governador Cláudio Lembo é vítima dessa história, porque não foi ele que escolheu as autoridades no comando. No entanto, disse que espera que, no momento oportuno, Lembo tenha a coragem de substituí-los. O presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, descreveu o resultado como a “história de uma tragédia anunciada”.

Não se teve vontade política para desbaratar o PCC. O governo estadual foi de uma omissão e de um desleixo imperdoáveis. São oito anos que um grupo de arma e se estrutura em São Paulo e nada se fez. É um anúncio que ultrapassa o lapso temporal aceitável. De onde vieram essas armas? Alguém tem que responder por isso”, questiona.

Fonte: Carta Maior

segunda-feira, maio 22, 2006

Thomaz Bastos sobre o encontro com Daniel Dantas

Márcio Thomaz Bastos sobre o encontro com Daniel Dantas na semana passada:

- Eu tive (o encontro). Esse encontro foi pedido pela assessoria dele. Eu levei testemunhas: um senador (Heráclito Fortes, do PFL) e dois deputados federais (Sigmaringa Seixas e José Eduardo Cardozo, ambos do PT). Vou resumir o encontro: ele me disse que queria me entregar uma carta em que dizia que não tinha nunca investigado nem passado informação a nenhum órgão de imprensa. E eu disse a ele que a Polícia Federal tinha aberto uma investigação e que ela seria feita. E o presidente Lula não interferiu de maneira nenhuma. Eu sei aquilo que devo fazer e não devo fazer. A conversa foi absolutamente impessoal.

Sobre a pesquisa Datafolha

Na semana passada foi divulgada uma pesquisa do Datafolha sobre quem a população responsabiliza pela onde de ataques do PCC. O modo como os resultados foram publicados pelos principais orgãos de imprensa, deu a clara impressão que Lula e Alckmin, aos olhos da população, dividiam as responsabilidades igualmente.


A Veja publicou que "o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria muita responsabilidade para 39%; o ex-governador Geraldo Alckmin, para 37% da população". A Folha de São Paulo também igualou as responsabilidades: "o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) aparecem em posições similares entre aqueles que consideram que eles tiveram "muita responsabilidade" pelos episódios de violência que começaram na última sexta e arrefecem desde ontem".

No entanto, pergunto: existe algum sentido em separar o atual governador Cláudio Lembo do ex-governador Geraldo Alckmin? Lembo assumiu a pouco mais de 1 mês o estado, que foi governado por Alckmin por quase 1 decada.

Na minha opinião, a leitura correta da pesquisa deveria ser o seguinte:

Claro que a resposta a um problema tão amplo quanto esse não pode ser dada de modo direto, uma vez que a responsabilidade por esses ataques se estendendem por muitos governantes que passaram pelas esferas estaduais e federais nas ultimas decadas. O que quero destacar é que a população entende que o maior culpado nesse caso é Alckmin, uma vez que ele e seu partido governou o estado de São Paulo nos últimos 12 anos, 8 dos quais também governou o Brasil. Vale lembrar que o PCC surgiu durante esse período.

Assim, fica clara a manipulação da pesquisa, ou no modo de interpreta-la, no sentido de preservar Alckmin ou de minimizar o inevitável impacto em sua candidatura.

domingo, maio 21, 2006

Perguntar não ofende ...

Reproduzindo post publicado no site O Informante

Quase ninguém tem comentado a entrevista que Ciro Gomes concedeu à revista Caros Amigos. Aqui vai um pequeno trecho dela, para ler vendo o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) falando no plenário do Senado:

Caros Amigos (Sérgio de Souza) - Por que o Álvaro Dias está todo dia na televisão?

Ciro: Por que? Boa pergunta. O Fernando Meireles, cineasta premiado, outro dia deu uma entrevista que ninguém cuidou de investigar nem nada. O que ele disse foi: " Esse papo que está acontecendo aí no Brasil é farisaísmo. Não quero mais saber disso daí não, já fui marqueteiro, fiz uma campanha e, quando terminou a campanha, os cabras que estavam me devendo trouxeram uma mala de dinheiro, em cash.. E eu engoli aquilo em seco porque também não podia deixar de receber pelo meu trabalho. Peguei o dinheiro e tal e hoje fico enjoado porque vejo o cabra que me pagou todo dia na televisão dando lição de moral."

P.S. Fernando Meireles fez a campanha de Álvaro Dias - então no PMDB- para o governo do Paraná.


Veja a entrevista aqui

sexta-feira, maio 19, 2006

Os líderes e as crises (por Eduardo Guimarães)

Crises constituem oportunidades preciosas para medir líderes políticos. O comportamento deles em situações-limite permite avaliá-los da forma mais precisa possível. Dessa maneira, a crise espantosa da Segurança Pública em São Paulo permitiu ao país uma visão bastante nítida daqueles que desejam governá-lo. A simples comparação de comportamentos durante a crise paulista dos que estão pedindo o voto popular para se elegerem presidente da República ou governador de São Paulo nas eleições de outubro nos dirá mais sobre eles do que qualquer campanha eleitoral.

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PMs pedem responsabilição de secretários de Alckmin

A Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar de São Paulo entrou ontem com uma representação no Ministério Público do Estado de São Paulo pedindo a responsabilização criminal do secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, e do secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, ambos mantidos nos cargos a pedido do ex-governador Geraldo Alckmin, por não terem avisado a polícia sobre o risco de atentados do Primeiro Comando da Capital (PCC).

A Associação culpa as autoridades por não terem avisado antecipadamente sobre a chance de ataques após a transferência de 765 presos para a penitenciária de Presidente Venceslau. Eles alegam que o alerta só foi enviado no sábado, quando vários policiais já tinha sido mortos vítimas de atentados.

Segundo o cabo Wilson de Oliveira Morais, presidente da Associação, o governo sabia que os ataques aconteceriam, mas não se preocupou em informar os policiais sobre o perigo.

com informações dos portais Terra e UOL

Lembo aumenta o tom das críticas

Quinta-feira, oito da noite. Na véspera, em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o governador Cláudio Lembo havia mirado, direto, no que denominou "burguesia" brasileira, e paulistana. Taxou-a de "cínica", "minoria branca, má e perversa", que trata mal seus serviçais.

A Terra Magazine, Lembo disse viver um momento de "catarse", depois de ter sido instado "pela burguesia" - também "hipócrita", ele acrescenta - a "usar o olho por olho" na reação aos ataques do PCC. Sem citar o nome, diz que não queria ser o responsável por um novo Carandiru e seus 111 mortos.

Na véspera Lembo havia ironizado de passagem seu antecessor e candidato a Presidente da República, Geraldo Alckmin (PSDB), o candidato a sucedê-lo, José Serra (PSDB) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O primeiro só ligou "duas vezes", o segundo não telefonou e o terceiro criticou um acordo que o governo teria feito com o PCC.

Nesta quinta-feira, em conversa com Terra Magazine, Cláudio Lembo não disse nada ao acaso. Contou porque decidiu falar. E acirrou as críticas contra o comportamento do alto tucanato paulista na crise enfrentada pelo estado.

Em resposta a uma provocação disse que, como os impulsos telefônicos estão caros, se Alckmin ligasse a cobrar ele, governador, "pagaria" a ligação a cobrar. À lembrança de que "vestido" talvez não fosse uma boa expressão a ser usada naquele Palácio (recordaria os 400 vestidos, ou 40 peças, recebidas por Lu Alckmin), estocou novamente:

- Eu nunca me equivoco no que eu falo. Eu sempre penso antes de falar.


Pensou antes de confirmar não ter recebido nenhuma ligação do ex-prefeito da cidade atacada, e candidato a governar o estado, José Serra:

- Pode ser um problema de amnésia, eu compreendo.(...)Ele está nos Estados Unidos(...)Eu não sei o que está acontecendo. Talvez ele não tenha acesso a meios de comunicação brasileiros, e não viu, não assistiu. Ou não quis eventualmente se envolver em episódio tão amargo e triste. Quis se preservar.


Lembrou ainda, quando perguntado, que Fernando Henrique segue em Nova York e também ainda não telefonou. Lembo admitiu que suas ironias ante a "amnésia telefônica" do triunvirato tucano são uma cobrança à responsabilidade moral para com a população de São Paulo:

- Claro quer sim. O brasileiro é, antes de tudo, insolidário.


Leia a nova entrevista aqui.

quinta-feira, maio 18, 2006

Alckmin reduziu verba de penitenciárias

Em seus últimos anos como governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), agora candidato à Presidência da República, reduziu a verba per capita gasta a cada ano com o sistema penitenciário paulista -berço do PCC. Em 2004, foi gasto R$ 1,145 bilhão com a administração e investimentos da rede prisional para uma população carcerária de 109.163 pessoas -uma média de R$ 10.494 per capita ao ano.

No ano passado, foi R$ 1,078 bilhão para 120.887 detentos -uma média per capita anual de R$ 8.917. É uma redução de 15% nos dois últimos anos completos de governo de Alckmin. Ele deixou o cargo em março último para seu vice, Cláudio Lembo (PFL). Os dados são da SAP (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária). A Folha apenas atualizou os gastos com a inflação calculada pelo IPC-Fipe (índice que usa como base a capital paulista), comparando os valores de cada período com o ano de 2005.


da Folha de São Paulo

Onde está o Serra?

A revista Forum pergunta à população paulista: onde está o ex-prefeito José Serra? Como pré-candidato ao governo de São Paulo, será que ele não tem qualquer contribuição a dar sobre a Segurança Pública em São Paulo? Ou ficaria constrangido em ter que fazer uma análise das ações na área implementadas pelo seu companheiro Geraldo Alckmin? Fórum está à espera das contribuições dos leitores para solucionar esse enigma.

PIB cresce até 6 por cento perto da eleição, apontam previsões

A economia brasileira encerrou os primeiros três meses crescendo a um ritmo forte e superior aos 4% projetados para a média do ano. E este ritmo deve ficar mais intenso. Ao longo deste segundo trimestre e do terceiro, o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer a uma taxa anualizada entre 5% e 6%, calculam diferentes economistas.

Com os dados da produção industrial do primeiro trimestre, os economistas passaram a projetar o PIB do período, que aponta crescimento entre 1,1% e 1,4% na comparação entre os primeiros três meses deste ano e o último trimestre de 2006, já descontados os fatores sazonais.

Este desempenho significa que o ritmo atual da economia - projetado para 12 meses - já está próximo de 4,5%. E, apesar das divergências quanto ao número, a maioria dos economistas concorda que a economia vai acelerar no segundo e terceiro trimestres. Os preços, por outro lado, devem subir menos que os 4,5% estipulados como meta para o ano de 2006.

O economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, lembra da promessa feita pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci a Lula no ano passado e avalia que ela será cumprida. "Ele disse que entregaria uma economia crescendo a 5% na véspera das eleições", comenta. Nas contas da LCA, o PIB do primeiro trimestre cresceu 1,4% em relação ao fim do ano passado, ritmo que se manterá até o terceiro trimestre. Nas contas do economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero, no terceiro trimestre, o ritmo poderá estar ainda mais forte: 6% ano ano.

A Tendências Consultoria divide as contas por semestre. O ritmo de 3,3% dos primeiros seis meses dará lugar a uma expansão de 4,1% no segundo semestre, sempre em relação a igual período de 2005. Esses resultados, diz Roberto Padovani, são compatíveis com uma evolução de 3,7% no PIB deste ano. "O cenário de renda maior e queda de juros vai se consolidar no segundo semestre, tornando-o mais forte que o primeiro", explica Padovani.

E, olhando de hoje, o crescimento mais acelerado estará acompanhado de uma inflação bastante comportada. As taxas mensais serão positivas e superiores à média de 0,3% dos últimos três meses ao consumidor ou à deflação no atacado. Mesmo assim, o cenário de preços deve ser bem comportado, com ajuda da menor elevação de administrados desde 1998.

A combinação de um crescimento forte com inflação baixa para padrões brasileiros (entre 4,0% a 4,5% dependendo do índice) é rara. Em 2000, o país cresceu 4,4% com uma inflação de 5,97%. Em 2004, os preços subiram 7,6% e o PIB, 4,9%. "Há duas âncoras verdes na economia, a agrícola e a do câmbio valorizado", diz o economista Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe). Até o fim do ano, no cenário traçado por Picchetti, os preços mantêm uma trajetória semelhante à atual. Nos 12 meses encerrados em abril, os preços dos bens que podem ser exportados ou importados (conhecidos como comercializáveis) acumulam alta de apenas 0,33%.

"O mercado interno estará crescendo, no fim do ano, a taxas superiores à do PIB", diz Montero. Isso já aconteceu no primeiro trimestre. Pelas estimativas da Rosenberg & Associados, a demanda interna respondeu por 3,9 pontos percentuais do crescimento de 4,1% da produção industrial no primeiro trimestre deste ano, enquanto a demanda externa (exportações) contribui com apenas 0,2 ponto. "É crescimento com distribuição de renda", acrescenta Montero.

A Rosenberg, contudo, traça um comportamento distinto da economia nos próximos trimestres. Lygia Freire de Salles, economista da consultoria, espera um recuo de 0,7% do PIB entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano. A queda ocorreria na construção civil. "E como o primeiro semestre vem muito forte, é natural que exista uma desaceleração", diz Lygia.

A expansão do gasto público - que fará com que o superávit primário do setor público caia dos 4,83% alcançados no ano passado para no máximo 4,25% - indica que o consumo como um todo ganhou 0,5% do PIB, resume o economista-chefe da Mandarim Gestão de Ativos, Eduardo Velho. "E esse gasto tem efeito multiplicador, ele vai além desse meio ponto", argumenta, lembrando que quem recebe o Bolsa Família ou a aposentadoria R$ 50 maior em decorrência do aumento do salário mínimo vai usar essa renda para consumir. "O segundo semestre vai ser melhor e o governo vai se beneficiar desse cenário benigno", acredita Velho.

Celso Toledo, economista-chefe da MCM Consultores, olha para o cenário com mais cautela. Ele reviu sua projeção para o PIB de 3% para 3,3%, mas diz que a economia pode até crescer 4% . "Se a demanda interna, impulsionada pelo aumento do salário mínimo e da massa salarial crescer entre 4,0% e 4,5%, não descarto a volta de pressões inflacionárias", diz. Ele ressalva que a inflação não voltará a níveis de 7,0% ou 8,0%, mas pode sinalizar uma trajetória acima de 4,5% - que também é a meta de 2007.

do Jornal Valor Econômico

A grande mídia insiste na criminalização dos movimentos sociais

A edição do último dia 16 do Estadão afirma que o MST teria ajudado o PCC a organizar uma passeata de 8 mil mulheres e parentes de presos em abril de 2005.

A coordenação nacional do MST divulgou nota negando ter qualquer ligação com a facção criminosa e condenando a violência nas cidades e no meio rural.

“Somos um movimento social pacífico e não autorizamos a conexão indevida do nosso nome com grupos do crime organizado. Isso apenas contribui para a tentativa de criminalização da luta pela reforma agrária no Brasil. Defendemos e lutamos pelos direitos humanos e reprovamos atos que atentem contra a vida. O cenário de violência e caos que tomou conta da população tem como raízes a falência de uma política de segurança pública, a política econômica que impede os investimentos públicos e a omissão histórica na realização da reforma agrária”.

Do Blog RS Urgente

Interesses Eleitoreiros: Cláudio Lembo solta os cachorros

Em entrevista a Folha o governador de São Paulo criticou aliados tucanos e elogiou a postura do Governo Federal na crise de segurança pública em São Paulo, além de esculhambar a elite paulistana.

Ficou muito claro na entrevista que enquanto FHC, Alckmin e Serra, diretamente ligados ao problema, se esquivavam dos fatos e isolavam o governador, com receio de perdas eleitorais, o Governo Federal ignorou as diferenças partidárias e se posicionou ao lado do governo de São Paulo.

Para que cada um tire as suas próprias conclusões sobre as declarações de Lembo, leia a entrevista completa aqui. A seguir seguem alguns dos principais trechos da entrevista:

Sobre a Burguesia:

"Nossa burguesia devia é ficar quietinha e pensar muito no que ela fez para este país"

"Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa"

"O que eu vi foram dondocas de São Paulo dizendo coisinhas lindas. Não podiam dizer tanta tolice. Todos são bonzinhos publicamente. E depois exploram a sociedade, seus serviçais, exploram todos os serviços públicos"

"... se nós não mudarmos a mentalidade brasileira, o cerne da minoria branca brasileira, não vamos a lugar algum"

Sobre os "Aliados":

"Eu acho que o presidente Fernando Henrique poderia ter ficado silencioso (...) Para opinar sobre um tema tão amargo, tão grave, ele teria que refletir, pensar. E se informar."

"O ex-governador Alckmin deu 2 telefonemas. Eu acho normal. Os pulsos [telefônicos] são tão caros..."

"José Serra não telefonou."

"Fernando Henrique não telefonou."

"É possível" (ao ser questionado se as autoridades paulistanas teriam iludido a população nos últimos anos sobre o PCC)

Sobre os "Inimigos":

"O presidente Lula telefonou, foi muito elegante comigo. Conversei muito com o presidente, ele me deu muito apoio."

"O Márcio [Thomaz Bastos] veio, conversamos firmemente, com lealdade. E ele chegou à conclusão que não era necessário nem Exército nem a guarda nacional. Tivemos uma conversa responsável, e o equilíbrio voltou."

"A superintendência da Polícia Federal em SP foi extremamente leal, solícita e dinâmica"

quarta-feira, maio 17, 2006

Rir para não chorar

ENQUANTO SP DESCOBRE O RESULTADO DOS 12 ANOS DE ADMINISTRAÇÃO TUCANA DA SEGURANÇA PÚBLICA...

Que maravilha! A situação está totalmente sob controle. Obviamente, quem controla é o PCC, mas pelo menos alguém está no comando. Melhor do que essas administrações que não têm ninguém comandando.

São Paulo tem comando! O Primeiro Comando!

Gerente Chuchu

PF sugere que reportagem de "Veja" pode traduzir trama contra governo

BRASÍLIA - A Polícia Federal divulgou nota à imprensa informando que vai abrir nesta segunda-feira inquérito para apurar, "em toda a extensão, os fatos divulgados na reportagem ´A Guerra dos Porões´, da revista Veja, tendo em vista as notícias que evidenciam a produção de "dossiês forjados para tentar incriminar falsamente autoridades públicas".

A revista informou que o banqueiro Daniel Dantas teria um dossiê contendo dados sobre contas ilegais no exterior de que integrantes do governo, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reportagem não conseguiu dizer se os dados eram verdadeiros ou não.

O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, afirmou que a matéria denota "má-fé" do jornalista Márcio Aith e "irresponsabilidade" do veículo, além de "conduta criminosa por parte dos autores da farsa".

A nota da PF informou que já estava em curso na corporação uma investigação sobre a possível elaboração de dossiês com documentos forjados para tentar incriminar autoridades do atual governo.

A Polícia Federal já tinha alertado sobre o andamento de uma ação ardilosa para atribuir falsamente a integrantes do atual governo a titularidade de recursos financeiros ilegais mantidos fora do Brasil, diz a nota.

"A divulgação da revista Veja veio comprovar a autoria da trama criminosa, arquitetada e levada a efeito por um grupo de pessoas com histórico de envolvimento em delitos de violação de sigilo, divulgação de segredo, interceptação telefônica ilegal, corrupção e formação de quadrilha, apurados pela própria Polícia Federal", diz o texto.

A nota também afirma que o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, um dos citados na reportagem da revista como detentor de conta no exterior, determinou na ocasião do alerta a investigação dos fatos, inclusive sobre ele mesmo, autorizando o acesso a seu sigilo bancário e fiscal no Brasil e no exterior. Lacerda aproveitou para negar "expressamente" que tem ou teve "valores ou bens no exterior".

FONTE

Procurador-geral inocenta Lula e afirma que acusação é política

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, garantiu ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem envolvimento com o esquema do valerioduto e disse que quem acusa o chefe do Executivo “está fazendo uma leitura política”. Souza também desqualificou a lista publicada pela revista Veja no fim de semana com nomes de autoridades como Lula que, supostamente, teriam dinheiro no exterior.

Sobre o valerioduto, Souza alertou que a solução política tem de ser tomada no Congresso ou nas eleições e não no Ministério Público. “Quando os parlamentares vão lá (na Procuradoria) eu digo que não vão ter solução política dentro do Ministério Público. Também não se pode querer resolver a questão política no STF. Solução política é dentro do Congresso. Ou então na urna”, afirmou. “A minha peça (denúncia no STF contra 40 pessoas acusadas de envolvimento com valerioduto) é técnica. Eu estou afirmando que fizeram tal coisa e tal coisa é tida como crime”, disse.

O procurador afirmou que no inquérito não há nenhuma referência ao presidente da República. “São quilos de documentos e montanhas de depoimentos e não há nenhuma referência a ele”, disse. Indagado se Lula não poderia ser investigado por suspeitas de comandar o esquema ou até de ter sido omisso, ele respondeu: “Será que era ele mesmo?”

Souza disse que algumas pessoas podem fazer ilações sobre a sua denúncia, mas observou que o seu trabalho não faz referência a nenhum partido político como organização criminosa, mas sim a pessoas determinadas. Ele disse que em qualquer instituição há pessoas com desvio de conduta. “Evidente que quem está na luta política aproveita o que está dito para tirar essas conclusões”, declarou.

“Organização criminosa é um termo técnico. É composta de pessoas que estão nominadas. Não quer dizer que é uma organização que esteja penetrada por todo o Estado. Quem está investigando tem de ter pelo menos uma referência. Você não pode inventar”, disse. Ele informou que vai continuar a investigar o esquema do valerioduto e que em breve pedirá novas diligências ao STF para investigar congressistas que ainda não foram denunciados.

Contas

Sobre a lista publicada pela revista Veja com as supostas contas de autoridades no exterior, Souza disse que já tem informações de que não há nada de ilegal em relação a pessoas citadas. “O Márcio (ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos) já me demonstrou que o dinheiro que ele tinha saiu regularmente do país e retornou regularmente ao país. Quando a pessoa declara no Imposto Renda que tem recurso no exterior e se refere àquele recurso, o que eu posso fazer? Está regular. Essas coisas (listas) chegam aos montes. Mas eu não embarco em qualquer uma”, concluiu.

Informações da Agencia Estado

terça-feira, maio 16, 2006

Alckmin cortou R$ 790 milhões da Segurança Pública nos últimos 5 anos

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) cortou R$ 790 milhões da segurança pública nos últimos cinco anos. O valor inclui o que foi cortado nos gastos e investimentos na área. Os dados constam do Sistema de Gerenciamento Orçamentário do estado.

Na rubrica de gastos (custeio e manutenção), o governo paulista deixou de gastar R$ 615,6 milhões entre 2001 e 2005. A queda nos investimentos é ainda maior, com média de 30%: caíram dos previstos R$ 580,7 milhões para R$ 406,2 milhões. Com isso, deixaram de ser investidos R$ 174,4 milhões.

Em 2005, último ano da gestão de Alckmin, os gastos ultrapassaram em R$ 33 milhões (0,5%) o que estava previsto: R$ 6,95 bilhões.

Deputados da oposição afirmam que, além do contingenciamento de gastos, o governo reduziu os investimentos, atingindo a média de 30%. Nesse quesito, o pior ano é 2003, quando os investimentos caíram 77%. O previsto era R$ 127,6 milhões. O investimento, porém, foi de R$ 65,4 milhões.

Fonte: Jornal O Globo

Atire antes, pergunte depois

Há algum tempo, mais precisamente na edição de 19/3/2003, definimos Veja como "publicação que negligencia apuração factual para reiterar uma petição de alinhamento incondicional". Indagávamos: um veículo que "editorializa reportagens, oculta fatos, distorce dados, sempre na defesa canina dos donos do poder podia ser chamado de produto jornalístico?".

Passados pouco mais de três anos, a revista não só mantém as características ressaltadas como consegue aprofundá-las sem qualquer constrangimento. Veja não tem limites. Para os senhores da Abril, pirâmide invertida não é técnica de redação, mas posicionamento editorial. O vértice, lado mais fino, menos relevante, não é fim de texto. É o local destinado à ética, ao compromisso com a informação conseqüente.

Nesta semana, a revista [edição nº 1956, de 17/5/2006] publicou reportagem afirmando que o presidente Lula e outras lideranças petistas teriam contas bancárias em paraísos fiscais. Atribuindo a informação ao banqueiro Daniel Dantas, a reportagem, assinada por Márcio Aith, é um primor de paradoxos lógicos em parágrafos seguidos. Reforça a impressão de que a atual crise, com os préstimos de parcela expressiva da mídia, só acabará com a derrota ou o impeachment de Lula. E para isso todos os recursos são válidos. Até publicar denúncias sem o mínimo de apuração.

Mesmo admitindo não saber se é autêntica, a revista não hesita em publicar uma lista com supostos depósitos do presidente e de outros políticos petistas. Veja teima em ignorar fronteiras entre fatos e versões inconsistentes. O encadeamento de alguns trechos da matéria denota pouco apreço pela inteligência do leitor. O que importa é continuar tentando colonizar o imaginário de frações da classe média e municiar os aliados políticos de sempre. O multicolorido pasquim da direita sequer se preocupa com o acabamento do produto. O fundamental é colocar o bloco na rua.

Detalhe secundário

Há linhas que valem mais do que mil editoriais. São as que revelam os objetivos de um texto e o descompromisso com a informação divulgada. Não comportam normas prescritas em códigos de ética, seguem tão-somente a lógica da promoção de eventos. Algo do tipo "domingo é dia de botar fogo no circo, espetacularizar a crise e colher o frutos ao longo da semana". Lógico, para tal empreitada contam com o apoio logístico de outros meios de comunicação, além da acolhida "bem-humorada" de alguns jornalistas-blogueiros.

Vejamos o parágrafo abaixo. Nada poderia ser mais auto-explicativo. Observemos como os fins justificam os meios para o panfleto dos Civita.

"Se pelo menos uma parte desse material for verdadeira, o governo Lula estará a caminho da desintegração. Isso, é claro, se o Brasil ainda mantiver as aspirações a se tornar um país sério. Se o material for fruto de falsificação, Dantas vai afundar-se ainda mais na confusão policial na qual se meteu desde que contratou a Kroll para montar dossiês de seus adversários dentro do governo. Em entrevista ao colunista Diogo Mainardi, o banqueiro dá uma idéia do que tem em mãos. Seu arsenal é maior".

É assim, sem subterfúgios, que a revista de maior circulação nacional se jacta de produzir reportagens de qualidade. Pela lógica do baronato, se pelo menos uma parte dessa matéria for verdadeira, Veja terá ajudado o Brasil a se tornar um país sério. Caso contrário, a fonte é que terá de arcar com as conseqüências, porque a Abril não apura o que merece chamada de capa.

É o equivalente jornalístico da máxima policial "atire antes, pergunte depois". A vítima, a verdade factual, é detalhe secundário quando se trata de ação entre amigos. Não está em discussão se os Civita e Dantas se merecem, mas se uma sociedade que almeja ser democrática pode ficar à mercê das falcatruas de ambos.

O móbil da matéria

Os trechos reproduzidos mostram como se dão os arranjos no andar de cima. Os critérios de publicação e os cálculos para divulgação de material fraudulento demonstram o lugar da revista na luta político-partidária. A publicação faz análise de conjuntura à luz de seu engajamento. Se fosse possível um entretitulo para o que se segue, certamente um "Às favas todos os escrúpulos" não trairia o conteúdo.

"Por todos os meios legais, Veja tentou confirmar a veracidade do material entregue por Manzano. Submetido a uma perícia contratada pela revista, o material apresentou inúmeras inconsistências, mas nenhuma suficientemente forte para eliminar completamente a possibilidade de os papéis conterem dados verídicos. Diante de tal indefinição, e tendo em vista que o nome de Dantas voltou a aparecer na CPI, Veja decidiu quebrar o acordo feito com o banqueiro do Opportunity e Manzano. O compromisso inicial era preservar o nome de ambos, caso se pudesse comprovar a veracidade das contas. Nada mais justo: a revelação seria um serviço prestado ao Brasil, uma vez que levaria grandes nomes da República a ter de explicar a origem do dinheiro depositado no exterior. Revelar agora que Dantas – e, por tabela, Manzano – está por trás de uma lista em que o presidente Lula aparece como dono de uma conta num paraíso fiscal viabilizará, acredita Veja, que investigações oficiais sejam abertas".

Certamente não fugiu ao leitor o móbil da matéria, segundo palavras extraídas do próprio texto. O governo Lula estará a caminho da desintegração por um serviço prestado. Exagerará o presidente ao afirmar que não pode considerar isso jornalismo? Segundo ele "o jornalista que escreve uma matéria daquela poderia dizer que é bandido, mau-caráter, malfeitor, mentiroso".

Matéria sem fundos

O diretor de redação, Eurípides Alcântara, distribuiu nota em resposta às críticas de Lula. Nela, afirma:

"O presidente Lula não leu e não gostou do que não leu. Ainda assim reagiu intempestivamente à reportagem de Veja. Insultou jornalistas e a publicação, uma atitude imprópria para um presidente da República. É imperioso ler antes de criticar".

Tem razão. Mas talvez fosse interessante o editor ouvir o que sua fonte, o banqueiro Daniel Dantas, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo:

"A minha sensação é de que havia, sim, corrupção no governo, mas os dados das contas não tinham nada a ver com a disputa societária [na Brasil Telecom]. Na verdade não tenho a menor idéia se existem essas contas ou não. Veja mente quando diz que tinha um compromisso comigo para preservar meu nome como fonte, caso essas contas fossem verdadeiras. Isso nunca existiu".

Em resumo, o Opportunity afirma que a revista emitiu uma "matéria sem fundos". Mais imperioso ainda, repetimos, seria averiguar antes de publicar. Concluindo, o jornalista da Abril é categórico:

"Veja reafirma seu compromisso com os leitores e com o Brasil de prosseguir em sua tarefa de fiscalizar o poder em todas as suas esferas, a fim de impedir que ‘sofisticadas organizações criminosas’, para usar das palavras do procurador-geral da República, continuem a corroer a democracia brasileira".

Quem vai apurar?

Interessante. Mas se a mídia fiscalizasse mídia, talvez outras sofisticadas organizações jornalísticas operassem com maior transparência. Há pouco tempo, Renato Rovai publicou na revista Fórum:

"Os laços entre os Civita e a família tucano-pefelê são sanguíneos e os interesses comerciais comuns. O atual vice-presidente de Finanças do grupo Abril foi presidente da Caixa Econômica Federal durante o governo FHC. Emílio Carrazai ficou na CEF até 2002. De lá saiu para ajudar a Abril a enfrentar a campanha presidencial vindoura. Deixou a presidência de um banco público para dirigir o caixa de uma revista de banca.

"Há outros irmãos de sangue tucano-pefelê na turma dos Civita. Claudia Costin, secretária de Cultura do governo Alckmin até maio deste ano, é a vice-presidente da Fundação Victor Civita. Costin foi também ministra de Administração Federal e Reforma do Estado nos tempos FHC. Lembram-se da reforma de Estado na era FHC?"

Se pelo menos parte do texto acima for verdadeiro, algo de muito podre estará a caminho da desintegração no imaginário da classe média. E não se tratará de um governo. Quem vai apurar?

Por Gilson Caroni Filho para o Observatório da Imprensa

Frase da Semana

"Nós estamos com o controle total da situação"
Cláudio Lembo
, governador de São Paulo ao recusar a ajuda do Governo Federal. Quando disse isso, os mortos não passavam de 40. Ontem, chegavam a quase cem.

Tudo sob controle?

Diante da onda de violência que atingiu SP, o governador Cláudio Lembo (PFL), diz que está tudo sob controle e recusa ajuda federal. Segundo ele, o governo sabia da possibilidade dos ataques e tomou as providências necessárias. Quais providências? Policiais denunciam que não foram alertados.

por Marco Aurélio Weissheimer para Carta Maior

Entre as muitas questões que devem ser respondidas acerca das ações do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo e em outros estados, há uma que vem intrigando profissionais da área de segurança. O governo do Estado diz que tinha informações sobre a possibilidade do ataque, dias antes dele acontecer. E garante que tomou as providências necessárias. Quais providências? Entidades de servidores da área de segurança pública denunciam que os policiais que atuam nas ruas não estavam preparados para o ataque. E tudo indica que não estavam a mesmo, a julgar pela quantidade de policiais pegos de surpresa pela ação dos criminosos. Como isso foi possível se já haviam sido tomadas as providências necessárias? Quer dizer então que a rede de comunicação do PCC, a partir do comando de algumas chamadas de celular no interior de presídios, foi mais eficaz do que o sistema de comunicação e informação do Estado que já saberia dos planos de ataque?

Nas primeiras horas que se seguiram ao impacto dos ataques do PCC, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), recusou ajuda do governo federal e garantiu que a situação estava sob controle no Estado. Como os fatos se encarregaram de mostrar, não há nada sob controle em São Paulo, desde a noite de sexta-feira quando iniciaram os ataques contra agentes da polícia e de outros órgãos de segurança pública, incluindo o Corpo de Bombeiros. De lá para cá, a situação só piorou. No início da noite de domingo, o PCC diversificou seus alvos de ataque, incendiando ônibus e atacando agências bancárias. Na manhã de segunda, várias empresas de ônibus tiraram seus carros de circulação, deixando milhões de pessoas sem transporte. Os habituais congestionamentos nas ruas da capital paulista se agravaram ainda mais. O governador de SP disse à Folha de São Paulo que já sabia dos ataques há 20 dias. Policiais que atuam nas ruas, porém, protestaram que não foram avisados.

“A SITUAÇÃO SE INVERTEU”

A presidente da Associação dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Lucy Lima Santos, disse exatamente o oposto do que falou o governador: “A polícia está sem o controle da situação. Estamos agora com medo dos bandidos. A situação se inverteu”. O presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de SP, Cícero Sarnei dos Santos, disse, por sua vez, que pedirá ao Ministério Público Estadual, uma investigação rigorosa dos conflitos e rebeliões, e avaliou que o governo tem responsabilidade pelo caos que se instalou no sistema prisional. Outra entidade da área da segurança, a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar de SP, pediu a demissão dos secretários de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, e de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa. Segundo a associação, os dois sabiam da possibilidade dos ataques do PCC e não alertaram a tropa.

Em entrevista coletiva concedida na tarde de sábado, Lembo afirmou que sabia desde a noite de quinta-feira que os criminosos ligados ao PCC planejavam ataques e várias medidas foram tomadas, o que teria evitado um número maior de mortos. A julgar pelo pronunciamento das entidades citadas acima, entre essas medidas não esteve o alerta à maioria dos agentes de segurança que atuam nas ruas. Em entrevista ao blog de Ricardo Noblat, Walter Fanganiello Maierovitch, ex-secretário nacional anti-drogas (do governo FHC), criticou a atuação da Secretaria de Segurança Pública de SP:

“Evidentemente que errou. E errou com uma responsabilidade muito grande. Se havia a previsão, muitos dos policiais que morreram não tinham o mínimo conhecimento disso. Foram apanhados desprevenidos. Os distritos policiais não foram reforçados. O Estado guardou a informação e expôs seus agentes ao risco. E muitos morreram pela imprevidência do Estado”.

“O CONTROLE É TOTAL”

Maierovitch também criticou a atitude do governador Lembo que recusou ajuda federal para enfrentar a onda de ataques: “Isso mostra como é o sistema de segurança. E como falta uma comunicação e uma coordenação. O Estado, diante da gravidade desta situação, evidentemente que não está capacitado. E qualquer ajuda é fundamental e deveria ser bem aceita. Estamos com 60 mortes, São Paulo virou uma Bagdá. Isso mostra um problema político: o governo federal é PT, o estadual é PFL. O do Rio é PMDB. O Estado acha uma diminuição aceitar qualquer ajuda do governo federal. Passa a ter um interesse eleitoreiro que contraria o interesse público”. Em Nova York, o ex-presidente FHC, disse a jornalistas que os ataques em São Paulo mostram o fracasso dos serviços de informação no Brasil. “Caímos na real. É um mundo com modificações de técnicas do crime, que criaram mobilidade no crime organizado, com meios modernos de comunicação”.

O governador Lembo discorda dessas avaliações vindas de aliados de seu governo. As declarações que deu desde o início do ataque deixam isso claro: “Não somos desvairados. Tínhamos informações (...) A polícia está muito bem preparada e equipada. O controle é total. Não temos a menor preocupação com o futuro”. Segundo o blog do jornalista Ricardo Noblat, a Secretaria de Segurança Pública desconfia que muitos presos que cumprem pena em regime semi-aberto participara dos ataques durante o fim de semana. Dez mil deles foram autorizados a dormir em suas casas para celebrar o Dia das Mães. Se o governo do Estado tinha conhecido da ação iminente do PCC, por que não minimizou esse risco? Considerando que “tinha informações”, quais foram mesmo as providências que tomou para colocar a tropa policial em estado de alerta? Baseado em que informação, o governador disse que a situação estava sob controle?

“O DIA MAIS TRANQÜILO”

No final da tarde desta segunda, o comandante da Polícia Militar de SP, coronel Eliseu Éclair, fez eco às palavras do governador, dizendo que a situação está sob controle e que hoje (segunda) foi “o dia mais tranqüilo” de todos os dias de tumulto em São Paulo. “Os ataques foram centralizados em imóveis e não nas pessoas”, justificou. O coronel Éclair também criticou o sensacionalismo de alguns veículos de comunicação que estariam criando pânico junto à população, garantindo não haver motivo para fechamento de lojas, shoppings, escolas e universidades. Além disso, rejeitou a ajuda oferecida pelo governo federal, argumentando que a polícia paulista é modelo para o Brasil e pode dar conta sozinha do problema. As declarações do governador e do comandante da PM estão na contra-mão tanto do que dizem as entidades de servidores da área da segurança, quanto de declarações de algumas lideranças tucanas que culparam o governo federal pela crise.

O senador Álvaro Dias (PSDB/PR), falando no plenário do Congresso, atribuiu à “incompetência e ao descaso do governo federal” os distúrbios e ataques em São Paulo. A deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) criticou a redução de recursos para a área de segurança pública (que teriam caído 11% em 2005%). No entanto, as principais autoridades da segurança pública e o governador garantem que a polícia do Estado está bem equipada, é modelo para o país, que a situação está sob controle, que não há motivo para pânico e tampouco para ajuda de forças de segurança do governo federal. Se é assim, não há motivos para queixas e a população de São Paulo pode ir dormir tranqüila. Como diz o governador Cláudio Lembo, “o controle é o total” e não há motivos para preocupações quanto ao futuro. Como disse Garrincha, certa vez, logo após ouvir a preleção de seu técnico: “e o adversário, já combinaram com ele isso?”

sexta-feira, maio 12, 2006

Entrevista de Ciro Gomes a Caros Amigos

Se existe um político brasileiro que não apalpa e “fala tudo na lata”, como festejam seus conterrâneos, é esse cearense nascido em São Paulo que acaba de deixar o Ministério da Integração Nacional. E ele diz que exatamente por ter deixado o ministério é que agora pode soltar os cachorros tranqüilamente. Daí que nesta longa e agitada conversa não faltaram contundentes críticas ao PFL e ao PSDB, à dupla Serra-FHC, à mídia, ao próprio governo (“não tem projeto”), ao MST, a dom Cappio, e revelações – “há um centro clandestino que comanda as coisas do país”. Ou a frase que ouviu de FHC sobre a presidência da República: “Quem não contemporiza com a corrupção, cai”. E por aí vai. Explosivo é pouco.

Trecho 1:
O PSDB e o PT são afins...
Trecho 2:
Fernando Henrique e Serra, para mim, são coisas muito ruins, nada pessoal...
Trecho 3: Não fui propriamente o queridinho da mídia, não. Nessa data eu era um fenômeno...
Trecho 4: ... a ponta de lança é a Veja e o Estadão...
Trecho 5: O povo não vai entrar nessa. Aposto aqui hoje, a dez meses da eleição, que a taxa do voto nulo será semelhante à de sempre.

quarta-feira, maio 10, 2006

PATRIOTISMO SELETIVO

Por que em Ímola a Globo ignorou a homenagem de Frank Williams ao Brasil?

Por Raimundo Rodrigues Pereira

Entre os dias 21 e 24 de abril, a TV Globo produziu dez matérias sobre a corrida de Fórmula 1 de Ímola, disputada no domingo 23. Foram três matérias na sexta, dia em que os pilotos treinam livremente na pista onde vai ser realizada a corrida; duas no sábado, quando são feitas as provas de classificação que definem a ordem em que os 22 carros que disputam se colocarão no grid de largada; duas no domingo, a grande cobertura da corrida e uma matéria no Fantástico; e mais três na segunda, duas de reportagem e mais uma do tradicional comentarista da emissora sobre esses assuntos, Reginaldo Leme.

Em nenhuma dessas matérias foi mencionado o fato de Frank Williams, o chefe da famosa escuderia de Fórmula 1 que leva seu sobrenome, ter colocado, nos seus dois veículos que disputaram a prova, um adesivo com uma bandeira do Brasil e os dizeres "2006 auto-suficiente", para comemorar o fato de que o País está se tornando auto-suficiente em petróleo.

A Williams tem entre seus patrocinadores a Petrobras. Em carta a empresa, Frank Williams diz que colocou a bandeira e os dizeres totally free of charge, in recognition of this exciting – and almost unique – development for Brazil and Petrobras ; ou seja, que não cobrou nada, em reconhecimento à importância do acontecimento, para o Brasil e para a Petrobras.
O fato era mais que conhecido da TV Globo. A emissora recebeu a nota da Petrobras anunciando que os carros da Williams fariam a homenagem à auto-suficiência, "sem custo algum para a companhia". Durante os treinos livres dos pilotos, o repórter e o produtor da TV Globo em Ímola viram os carros com a homenagem e receberam de um funcionário da Petrobras a sugestão de que o fato fosse mencionado. Um outro piloto de Fórmula 1 que passava pelo local quis saber o que significavam os dizeres e a bandeira do Brasil nos carros da Williams e isso foi motivo para que o funcionário da Petrobras, que cuida da promoção da empresa há quase 30 anos, reforçasse junto aos homens da emissora a sua sugestão para as matérias.

O que explica a omissão da Globo? Foi uma decisão política, para impedir que o governo, como se diz, "faturasse" o evento? Em tese, não deveria ser. As administrações petistas, na Petrobras e no governo, parece que não discriminam a TV Globo, a despeito do conhecido conservadorismo da emissora.

É a Petrobras que patrocina as transmissões da Fórmula 1 pela TV Globo, uma conta que se pode estimar em perto de 40 milhões de reais no ano. Já no governo de Luiza Erundina, a prefeitura petista de São Paulo apoiou a realização da Fórmula 1 na cidade, no Autódromo de Interlagos, com vários milhões de reais em obras. A administração de Marta Suplicy também apoiou o evento com quantias também na casa de vários milhões de reais. Uma das primeiras medidas provisórias do governo Lula em 2003 foi a que abriu uma exceção na lei do governo Fernando Henrique Cardoso, que proíbe a propaganda do fumo em eventos esportivos, para permitir a propaganda de cigarros na transmissão, pela Globo, da Fórmula 1, que naquele ano abriu seu campeonato em Interlagos.

Galvão Bueno, que narrou a última corrida de Ímola para a TV Globo, do Rio, por suposto também não deve ter nada contra a Petrobras e o Brasil. Como se sabe, ele é um especialista na narração de grandes feitos esportivos nacionais. Pode-se associar seu nome à vinheta sonora que a Globo inventou – a que dizia Brasil, sil, sil, sil, sil, sil – sempre que um herói da pátria realizava algum grande feito esportivo. Galvão, através de um assessor de imprensa, disse que não podia falar sobre o fato de a Globo não ter divulgado a homenagem da Williams ao Brasil. O assessor disse que "casos delicados", que envolvem as relações da Globo com o governo, não podem ser respondidos por Galvão, cuja relação com a empresa seria "a de um funcionário". Pessoalmente, pode-se imaginar, Galvão não teria motivos para não gostar da Petrobras: seu filho, "Cacá" Bueno, foi patrocinado pela estatal em 2003, 2004 e 2005, nos campeonatos automobilísticos da Stock Car.

O fato de Frank Williams ser personagem da história e ela ocorrer em Ímola num campeonato de Fórmula 1 é outro motivo que torna difícil compreender por que a Globo a ignorou. A Fórmula 1 foi iniciada oficialmente em 1950. E, com a cobertura pela televisão, tornou-se o terceiro evento esportivo mais visto e mais famoso do mundo, logo depois da Copa Mundial de Futebol e das Olimpíadas, com a vantagem de as corridas serem disputadas 18 vezes por ano e não, como a Copa e as Olimpíadas, de quatro em quatro anos. O velho Frank – ele está hoje com 63 anos – é uma legenda nesses campeonatos, nos quais está há cerca de 40 anos. Vive em cadeira de rodas, depois de um acidente de carro em 1986. É um homem rico. Um patrocínio como o que a Petrobras paga anualmente à sua equipe está na casa dos 10 milhões de dólares anuais.

Frank tem uma ligação dramática com o Brasil. Deu, em 1983, a oportunidade para Ayrton Senna pilotar um carro de Fórmula 1 pela primeira vez. E o piloto brasileiro morreu exatamente em Ímola, no dia 1º de maio de 1994, na sua primeira temporada pelo time de Frank Williams.

Na linguagem jornalística, "ganchos" para fazer as matérias, portanto, não faltaram. Por que a Globo não as fez? Ela errou?

O repórter que estava em Ímola não quis responder a essa pergunta oficialmente. Galvão Bueno também não, como já se disse. O editor responsável pela pauta da Fórmula 1 na TV Globo também disse que não lhe cabia aparecer na história. Oficialmente, a emissora negou que tenha errado: "Não consideramos que todo tipo de homenagem tenha interesse jornalístico. Nesse caso específico, avaliamos que a homenagem teve mais interesse comercial do que jornalístico".

Será que não faltou à Globo patriotismo? O conceito é complicado. Como dizia Bernard Shaw, há canalhas que se disfarçam de patriotas. Mas parece caber nessa história. Em Ímola, a Williams teve um tempo de exposição excepcionalmente baixo na transmissão do evento pela RAI, a rede de televisão italiana que gerou as imagens básicas que todas as outras televisões do mundo utilizaram.

Somando tudo, os dois carros da Williams apareceram apenas 91 segundos, 0,7% do total, a pior marca das 11 escuderias que disputaram. A Ferrari, de Michael Schumacher, e a Renault, de Fernando Alonso, tiveram 5.220 segundos e 3.865 segundos, ou 40,4% e 29,9% do tempo, respectivamente. Como Schumacher ganhou a prova e Alonso ficou em segundo, os carros da Williams – que ficaram em sexto e décimo terceiro, respectivamente – de fato não poderiam ter cobertura comparável. Mas por que a Williams ficou tão abaixo mesmo de escuderias como a Red Bull e a Toro Rosso, que tiveram desempenho pior, mas bem mais cobertura de tevê – 2,4% e 1,6%, respectivamente?

Frank Williams, irritado com os números da cobertura da RAI, reclamou com Bernie Ecclestone, o milionário que é uma espécie de dono da Formula One Holdings. Disse, depois, que um problema grave em Ímola, com o qual o próprio Ecclestone concorda, é que os italianos torcem pelos carros nacionais, da Ferrari, e os focalizam exageradamente.

Com a TV Globo, o problema na cobertura da Fórmula 1 em Ímola não foi de excesso de patriotismo, com certeza. A auto-suficiência brasileira em petróleo foi mais que um fato nacional relevante; foi um fato jornalístico global, de importância política internacional; e, obviamente, muito significativo. A homenagem de Frank Williams ao Brasil e à Petrobras, nos termos em que ele a fez, era um fato jornalístico a ser divulgado na forma própria, a mais óbvia das quais poderia ser uma reportagem com Frank Williams e os carros com a bandeira brasileira e os dizeres sobre a auto-suficiência, por ocasião dos eventos em Ímola. Não seria necessário que, depois da reportagem, entrasse a vinheta com o Brasil sil sil sil sil sil. Mas que a Globo errou, errou.

Se não foi um erro, foi uma opção? O passado da TV Globo – que, não se pode esquecer, tentou esconder a campanha das Diretas Já, em 1984, e editou contra Lula o seu debate com Collor, no final da campanha presidencial de 1989 – não permite excluir essa hipótese.

sexta-feira, maio 05, 2006

Lula: as razões da mídia e as do povo

O Brasil consegue a auto-suficiência na produção de petróleo (um esforço que vem desde sua criação e atravessa todos os governos, como salientou o presidente Lula em seu discurso) mas a mídia em vez de destacar o fato prefere condenar o que chama de “uso eleitoral” que Lula fez da inauguração da P-50.

É assim com todas as conquistas do governo Lula. O controle da inflação, o fim da dívida com o FMI, nove milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família, o programa Luz para Todos, recordes nas exportações, queda da taxa de juros, menor índice do risco-Brasil da história, aumento recorde de empregos com carteira assinada, o primeiro astronauta brasileiro no espaço, o aumento recorde do salário-mínimo, aumento real para os aposentados, e agora a auto-suficiência na produção de petróleo... todas são “medidas eleitoreiras”, segundo a maior parte da mídia.

Mas a maior parte da população as encara como realizações do governo Lula. Por isso o presidente está disparado na frente em todas as pesquisas eleitorais. Para desespero daqueles que querem que os brasileiros enxerguem o Brasil com seus "indignados úteis" olhos.

Artigo retirado do Blog do Mello.

Ritmo vai ficar mais intenso, prevê CNI

Os economistas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) estão otimistas com relação ao segundo trimestre deste ano. O cenário positivo está baseado em quatro causas: não há restrição à oferta de produção; os juros estão em queda, o que permite condições mais favoráveis de crédito; a renda das famílias está em alta, a partir de salários melhores e mais benefícios sociais pagos pelo governo; e, por último, os estoques das indústrias estão sendo reduzidos, aproximando-se do nível desejado.

Leia reportagem completa no Valor Econômico.

Produção industrial cresce 5,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior

A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE mostra que, em relação a março de 2005, a produção industrial cresceu 5,2%, mantendo uma seqüência de seis meses de taxas positivas nessa comparação. Dos 27 ramos pesquisados, 21 tiveram aumento de produção, sendo que os maiores impactos positivos, por ordem de importância, vieram de material eletrônico e equipamentos de comunicações (24,0%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (70,0%) e indústria extrativa (13,0%). Nessas atividades, os itens que mais se destacaram foram, respectivamente, telefones celulares e televisores; computadores e monitores; e minérios de ferro e petróleo. Entre as categorias de uso, o segmento de bens de consumo duráveis obteve a taxa mais elevada (11,4%). A produção de bens de capital cresceu 10,1% em relação a março de 2005, seguida por bens de consumo semi e não-duráveis (6,1%). Bens intermediários (3,1%) registraram a única taxa abaixo da média geral.

Em bases trimestrais, houve aceleração no crescimento da atividade industrial na passagem do último trimestre de 2005 (1,3%) para o primeiro de 2006 (4,6%), ambas as comparações contra igual período do ano anterior. Todas as categorias de uso registram ganho de ritmo, com destaque para bens intermediários, que passou de –0,2% no período outubro-dezembro para 2,8% no trimestre seguinte.

O crescimento de 4,6% no primeiro trimestre, em relação ao primeiro trimestre de 2005, atingiu 19 dos 27 segmentos pesquisados. A indústria extrativa (13,2%) manteve o maior impacto sobre o índice geral, com destaque para a produção de minérios de ferro e petróleo. Outros impactos positivos relevantes vieram de máquinas para escritório e equipamentos de informática (67,4%) - refletindo uma maior produção de computadores - e material eletrônico e de comunicações (21,7%) - em razão da expansão na produção de televisores e telefones celulares.

Fonte: IBGE