terça-feira, janeiro 31, 2006

Inflação baixa gera poder de compra mais alto em 40 anos

por Alex Ribeiro para Valor Econômico

O salário mínimo de R$ 350, anunciado anteontem pelo governo, deverá proporcionar o mais elevado poder de compra ao trabalhador em 40 anos, graças ao ambiente de inflação controlada vigente no país. Dada a inflação projetada pelo mercado financeiro, o novo mínimo promete um valor médio real de R$ 337,13 no seu período de vigência, abaixo apenas dos R$ 338,39 registrados em 1966.

Os cálculos foram feitos a partir de dados sobre o salário mínimo real disponibilizados pelo IpeaData, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Os números mostram basicamente que de nada vale um alto reajuste nominal do mínimo se no período seguinte seu poder de compra não for preservado, com a inflação sob controle.

Ao anunciar o novo mínimo, o governo lembrou que o salário estava sendo fixado no maior valor real em 20 anos. De fato, o salário mínimo fixado em maio de 1985, quando fixado, equivalia a R$ 354,11, deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a valores de dezembro de 2005. O que faltou dizer é que, devido à alta inflação do período, cinco meses depois - em outubro de 1985 - o salário mínimo real equivalia a apenas R$ 219,20, sempre a preços de dezembro de 2005. Em 1985, o salário mínimo médio real foi de apenas R$ 264,48.

Os prognósticos para o novo salário mínimo de R$ 350 são mais promissores. Os analistas econômicos projetam para o primeiro trimestre de de 2006 uma inflação de 1,22% no INPC, segundo a pesquisa de expectativas de mercado do BC. Assim, quando entrar em vigor, em 1 de abril, o salário mínimo real terá caido para R$ 345,76. Nos 12 meses seguintes, perderá cerca de 0,4% de seu valor de compra por mês, segundo projeção de mercado. Tudo considerado, o valor médio esperado para o novo mínimo é de R$ 337,13.

O salário não atinge um poder de compra médio tão elevado desde o período de 12 meses encerrados em março de 1966, quando foi de R$ 338,39. Os dados do IpeaData são deflacionados pelo INPC a partir de 1979 e, antes disso, pelo Índice do Custo de Vida (ICV-RJ) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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